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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Cálice do teu porto


E a vida foi revelando de mansinho

Na canção que canto bem devagarinho

Quem sou neste caminho...


O vai e vem do auge à reverência

Correntes do destino a guiar minha eloquência

Temporal e calmaria inter calando sem garantia

A teimosia em me levar sempre de volta ao litoral


Sou virgem

Como é virgem a ansiedade do primeiro gozo

Zeloso em teu cuidar

Poeira a se espalhar


Sou mais morcego que andorinha

Livre na noite escravo do dia

Sou deboche sou ironia

A poesia a deleitar teu bosque


Da tua moldura sou a tela

Me arranco da aquarela a tentar fazer-te vida mais bela

Sou criança madura

Música sem partitura


Decerto a outra metade

Do que não faço a mínima idéia

Platéia de meu próprio canto

Sinceridade ao cair do pranto


No meu sangue corre Galo e Sabiá

Percorri por todo o araçá

Cálice do teu Porto

Cais onde atraca esse corpo


A intensidade do fado

Que ao lado do carnaval

Incendeia o anseio

De fazer o Tango sorrir


Sou o que não tem descanso

O tímido sem vergonha que pousa a cabeça na fronha

Sonha na esperança do hexágono favo da família

Onde tu és a rainha


A voz do orvalho na infinita rapsódia

Doçura de minha loucura

A custódia de meu coração

Perpétua em tuas mãos


Esse poema poderia ser o último

Mas creio que virá inspiração e ele ficará pra semana

E a vida é isso de onde tudo emana

Vou dormir que já é cedo o vinho que bebo esvaziou

Ao final do que canto continuei sem entender quem eu sou.

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