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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Queria ter sido estrelas



Há fases em nossas vidas em que passamos por momentos sublimes e nos leva a felicidade contagiante. Em uma dessas fases eu olhei dentro de mim e vi um florescer como nunca existiu em nenhum momento. Meu coração estava florido. Havia se transformado em um jardim fora da estação primaveril. Então eu pude me ver, ora andava sorrindo, ora bailava junto com as flores, e rodop
iava tal qual uma criança. De repente senti que tamanha felicidade emanava de alguém que me olhava e sorria, alguém que distante, sentia perto. Cabisbaixa tentei recuar. Mas como fugir da felicidade?
Estendi as mãos e te trouxe pra mim, te acolhi dentro de meu coração.
Corríamos juntos no campo florido, ríamos em meio ao arco-íris de flores. Brincávamos e quando o dia adormecia, deitávamos no gramado de nossos sonhos e contemplávamos a nuança azul celeste, que brilhava coberto pelas lindas estrelas... Nossas estrelas.
Então percebi que você também adorava aqueles astros brilhantes tanto quanto eu, e noite após noite eu as colhia e trazia uma porção delas pra você. Era uma forma de agradecer o florir que se expandia dentro de mim.
Foi então que eu te fiz meu anjo. Não por procurar em você a pureza de um ser celeste, mas pela meiguice que transformara meus dias vagos em um sorrir bobo. Mas uma bobeira desejada a cada segundo.
Sempre te busquei e quando você se ausentava, meu coração apertava dentro do peito, então não pensava duas vezes, alçava a voz em pensamento e te chamava, corria a tua procura naquele imenso jardim. Por vezes tentava te encontrar nas estrelas e você surgia dentro de mim,então meu ser era tomado por uma áurea de felicidade. Uma felicidade tão grande que era impossível reter.
Durante algum tempo foi assim. Porém como quem desperta de uma hipnose eu simplesmente, eu amarguradamente, despertei!
Como a chuva que neste momento cai lá fora e forte bate na vidraça de minha janela, senti que chovia dentro de mim. A chuva castigava meu coração e ele, não tão forte quanto a vidraça, se fez cacos espalhados onde antes era um jardim. Agora flores despetaladas se espalham no chão e uma nevoa como um manto envolve todos os lugares onde antes eu te sentia . Um temor me tomou e amedrontada corri a teu encontro. Gritei teu nome em um intenso desespero. Corri, te procurei, te busquei nas estrelas, mas elas eram agora apenas lembranças.
Desisti, não por não te amar mais. Mas porque não tinha mais força de seguir. Sentei em meio ao antigo jardim e chorei, como agora, molhando o papel em quanto traduzo o sentimento que sinto em meu ser.
Então descobri que fui eu quem sempre te buscou...
Fui eu quem sempre se fez presente...
Fui eu quem sempre se importou...
Eu amei por nós dois. Minha alma te amou... Mas você nunca percebeu.
Foi aí que decidi reter meus sonhos. Te libertei de minha presença forçada.
Sei que essa dor vai passar, como tudo na vida. Como a felicidade que um dia senti dentro de mim, como a fase do florir passou, assim também essa chuva que submerge meu se,r vai passar.
Eu só tentei te fazer feliz e nunca, nunca te pedi nada em troca.
Apenas te amei. Não como quem ama um corpo que um dia envelhece e perde seu viço. Não como sentimento de posse. Te amei de alma. Mas isso nunca te fez falta, fui apenas alguém que passou em tua vida. Não deixei marcas. Fui cometa, apenas cometa. Não consegui ser estrela.

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