"Parece que a maioria dos 'relacionamentos amorosos' não leva muito
tempo para se tornar uma relação de amor e ódio. (...) Se em seus
relacionamentos você vivenciou tanto o 'amor' quanto o seu oposto - a
agressão, a violência emocional, etc -, então é provável que você esteja
confundindo o apego do ego e a dependência com amor. Não se pode amar
alguém em um momento e atacar essa pessoa no momento seguinte. O
verdadeiro amor não tem oposto. Se o seu 'amor' tem oposto, então não é
amor, mas uma grande necessidade do ego de obter um sentido mais
profundo e mais completo do seu eu interior, uma necessidade que a outra
pessoa preenche temporariamente. É uma forma de substituição que o ego
encontrou e, por um curto período, ela parece ser mesmo a salvação.
Chega então um momento em que o outro passa a se comportar de um modo
que deixa de preencher as nossas necessidades, ou melhor, as
necessidades do nosso ego. As sensações de medo, sofrimento e falta, que
estavam encobertas pelo 'relacionamento amoroso' voltam a aparecer.
Como acontece com qualquer vício, ficamos muito bem enquanto a droga
está disponível, mas chega um momento em que a droga não funciona mais.
Quando essas dolorosas sensações de medo reaparecem, nós as sentimos
mais fortes do que antes e passamos a ver o outro como a causa de todas
essas sensações. Isso significa que estamos projetando no outro essas
sensações, por isso nós o agredimos com toda a violência que é parte do
nosso sofrimento. (...)
É por isso que, passada a euforia inicial, existe tanta infelicidade,
tanto sofrimento nos relacionamentos íntimos. Estes não causam o
sofrimento e a infelicidade. Eles trazem à superfície o sofrimento e a
infelicidade que já estão dentro de nós.
O amor é um estado do Ser. Não está do lado de fora, está bem dentro de
nós. Não temos como perdê-lo e ele não consegue nos deixar. Não depende
de um outro corpo, de nenhuma forma externa. Aprenda a expressar os seus
sentimentos sem culpar ninguém."
Eckhart Tolle - Praticando o poder do agora
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