“Já fui julgada até crucificada. Já fui enaltecida e muito amada. Já fui
certa e errada. Já julguei e condenei. Me arrependi e me desculpei. Já
fiz de tudo um pouco porque meu verbo é solto. Se sinto, preciso falar,
se me incomoda tenho que questionar. Mal interpretada costumo ser mas o
que posso fazer quando preciso dizer o que vai dentro do meu coração e
bole com a minha emoção. Já fui injusta com quem não deveria ser e cruel
com quem fez por merecer. Já fui bondosa e companheira. Já fui até a
enfermeira de vidas que desabavam. Já fui bombas que estouravam em meio a
guerras devastadoras. Já fui a doutora que curou um coração que se
feriu por amor. Já fui a personagem esquecida e a atriz principal. Já
fui recatada e imoral. Já fui alguém que o vento levou e que trouxe, de
volta, por um favor. Já acertei e errei adoeci e me curei. Já pedi e
implorei. Já cedi, vendi e dei. Já me culpei e me torturei por tantas
coisas que nem sei. Já corri muito atrás mas era longe demais e não
consegui chegar. Já rasguei lembranças que não prestavam mais. Já remexi
o lixo para achá-las e de volta, na gaveta, colocá-las. Já fiz de tudo
um pouco afinal sou normal, só não posso revelar o etc e tal.”
(Martha Medeiros)
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