Total de visualizações de página

segunda-feira, 4 de março de 2013

A ROSA


A vista incerta,
Os ombros langues,
Pierrot aperta
As mãos exagues
De encontro ao peito.

Alguma cousa
O punge ali
Que ele não ousa
Lançar de si,
O pobre doido!

Uma sombria
Rosa escarlata
Em agonia
Faz que lhe bata
O coração...

Sangrenta rosa
Que evoca a louca,
A voluptosa
Volúvel boca
De sua amada...

Ah, com que mágoa,
Com que desgosto
Dois fios de água
Lavam-lhe o rosto
De faces lí­vidas!

Da veste branca
A larga túnica
Por fim arranca
A rosa púnica
Em um soluço.

E parecia,
Jogando ao chão
A flor sombria,
Que o coração
Ele arrancara!...


Autor: Manuel Bandeira

Nenhum comentário: