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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Presença



                                        Presença


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale.
Sutilmente, no ar, o trevo machucado, 
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela 
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto -em mim- a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e multipla imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho que fechar meus olhos para ver-te.
                                                              Mário Quintana 

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