Flor da liberdade
Sombra dos mortos, maldição dos vivos.
Também nós... também nós... e o sol recua.
Apenas o teu rosto continua
a sorrir como dantes,
Liberdade!
Liberdade do homem sobre a terra,
ou debaixo da terra.
Liberdade!
O não inconformado que se diz
a Deus, à tirania, à eternidade.
Sepultos, insepultos,
vivos amortalhados,
passados e presentes cidadãos:
temos nas nossas mãos
O terrível poder de recusar!
E é essa flor que nunca desespera
no jardim da perpétua primavera.
Miguel Torga,
in "Orfeu Rebelde", 1958
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