Às
vezes é tão intenso que não caibo em camisetas, quartos, cidades ou
qualquer outra coisa que seja capaz de conter alguma outra coisa. O
sentimento não-físico preenche meu peito de forma tão avassaladora, cai
no vazio da minha alma com tanta força que torna-se físico e, sim, como
um zepelin eu sobrevôo a cidade. Sinto-me leve e ergo-me até onde o
céu já não mais é azul-claro. São estrelas, asteróides, satélites e,
principalmente sentimentos orbitando o meu planeta. Bons e ruins,
pequenos e grandes. Pergunto-me como é que antes eu não os via por todo
lado. Tão óbvios, confusos e inapropriados, os sentimentos. Eles voam,
colidem, juntam-se uns com os outros e até separam os outros que já
estão juntos. E é difícil sentir duas coisas ao mesmo tempo. Ou sentir a
mesma coisa duas vezes ou mais, em duas ocasiões ou mais, por duas
pessoas ou mais.
Às vezes é tão vazio que me perco em nervuras de algodão, choco-me com
células e sou atingido por enormes grãos de poeira. É tão vazio que
torna-se cheio. Cheio de tudo que é sem valor. E o vazio é pesado
demais. Obedece a gravidade e me traga até a mais profunda das crateras,
onde nem mesmo a luz conseguiu chegar. Não há nada lá, além do próprio
nada. E até o mais alvo dos brancos é negro como manquim. São fotos,
desenhos e memórias, todos ausentes de cor, desprovidos de vida. E o
sentimentos passam batido pelos meus olhos cegos, atravessam meu corpo
como fantasmas e não deixam resíduos em minhas entranhas. E é difícil
não sentir nada. Ou sentir nada por alguém, por ninguém ou por você
mesmo. (Beeshop)
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